SANTA ROSA

No caminho de Santa Rosa paramos em Jurutunu e Cauateua para confirmar nossas datas de atividades. Na Amazônia a comunicação a distância nem sempre funciona. Em Jurutunu entregamos 8 cestas básicas a Benedito, presidente e morador de uma casa de madeira e palha sobre palafitas. Extremamente pobre. Assegurou-nos que as daria a todas as famílias de Jurutunu, aldeia com cabanas imersas na floresta na margem direita do Paru. Voltaríamos no dia 10 de agosto para entrevistá-lo. Partimos novamente quebrando um pilão de madeira da palafita com o Gaia empurrado pelo vento e amassando a lancha. Mas Benedito falou gentilmente: tudo bem! Chegamos a Cauateua. Falei com o pastor evangélico Valdiclei (Cleodorvil), praticamente o chefe da aldeia e combinamos a projeção do filme quando voltaríamos em 9 de agosto. Somos presenteados com peixes: pacu, pirapitinga, aracu, traíra… Jorge, única pessoa com deficiência da comunidade de Cauateua, muito simpático, os limpa sobre uma rampa em direção ao rio. Deixamos Cauateua, aldeia especial que encanta a mim e ao Daniel, e fomos almoçar em Barreiras, a terra da famosa cantora Joelma Calipso. O piloto que deveria nos guiar à Cachoeira de Panãma, Zeca, ainda não tinha chegado de Almeirim com um barco de linha de sua propriedade. Falamos com o irmão de Joelma Calipso, a mulher símbolo do Paru, que nos cantou uma canção com uma voz maravilhosa. No caixa do seu armazém estava sentada Maria, uma senhora idosa e de poucas palavras, que é a mãe da Joelma. Dizem que era muito bonita. Chegou Zeca com seu barco de linha vindo de Almeirim. Merendamos bolinho di piracuí (farinha de peixe) e açaí preparados pela Lucineide. Partimos às 15h00 com Zeca e chegamos a Santa Rosa mais de duas horas depois.
Em Santa Rosa entrevistamos dona Maura, 82 anos, negra maravilhosa. Declamou poesias e nos cantou canções. Dançava muito bem. Zeca voltou de lancha a Barreiras para comprar três correias do motor que quebraram. Fizemos projeção de cinema Narradores de Javé para um pequeno grupo de pessoas, no barracão comunitário, seguido de conversa sobre o filme. Muito apreciado. Daniel dormiu no galpão comunitário, longe de todos. Chovia um pouco.