CURÍ – ESPERANÇA

Distância em barco de um município: 11 horas de Santarém
Representante: Joaquim Alves e da cacique (cadeirante) Nira

Desembarcamos na praia de Esperança e nos encontramos com a cacique Nira, em sua cadeira de rodas adaptada e ao lado de seu pequeno cateto (catitú) de estimação.  A conversa de organização se deu ao som de motoserras e equipamentos usados para construir canoas na beira do rio, sob a sombra de árvores. A vila fabrica canoas que são levadas até Santarém para a venda. Combinamos que faríamos a aula de Navarro na manhã seguinte, na sala comunitária e naquela noite o piano e o cinema. Um dia longo: fomos entrevistar uma senhora (Maria de Fátima) que fazia muito bem o bijú sica de tapioca, uma espécie de “salgadinho” com castanha do Pará, e estava torrando-os na casa de farinha. Anna Claudia e eu passamos para comprar duas garrafinhas de mel de abelha sem ferrão numa casa onde peguei também urucum e um brinco de plumas. No caminho, muitas árvores de Jacarandá. Ao cair da noite fui ao pequenino barracão que é à igreja católica de Nossa Senhora das Dores assistir uma missa oficiada pela cacique (não há um padre) com acompanhamento de canto e tambores. Depois de ver passar um gambá, fomos na sala comunitária onde me apresentei para a Nira na frente da comunidade. Depois duas moças fizeram duas danças tribais ao som de um gravador. Umas delas, a mais jovem, chamava-se Kassia Ellen, imagino que em homenagem à cantora Cássia Eller, ou seria coincidência? A menina com 10 anos de idade, dançava a personagem “Cunhã Puranga” com figurino um tanto exagerado. A narração falava em olhar sedutor”, o que de certa forma incomodou Anna Claudia juntamente com o som muito, muito alto. Afinal, se tratava de uma criança!  Anna Claudia Agazzi apresentou o piano (9) e depois projetamos Narradores de Javé que foi interrompido pela comunidade um pouco depois da metade, porque a comunidade havia programado um bingo. Tomamos tarubá. Após o bingo, retomamos o filme até o final. (quarta 14/9) De manhã fomos com Navarro na sala comunitária. Após um pouco de atraso, chegaram os alunos que estavam terminando suas aulas regulares. A cacique Nira veio e organizou os meninos da escola. Fizemos a última aula de nheengatu com Navarro. Entrevistamos Navarro numa ponta da praia onde almoçamos. Saímos com o Gaia e voltamos para São Pedro. Despedimo-nos de Navarro que ia a Santarém com um barco de linha e fomos entrevistar Dona Andrelina (87) na Chácara do Rosa (na frente de São Pedro). Ela estava numa rede e contou histórias fabulosas entre as quais a de um namorado que cruzava o rio num “jamarú” (uma espécie de abóbora). O papagaio de estimação dela se chama Lula.

Moradores

254

Famílias

54

Portadores especiais

12

Idosos

1, Dinoz dos Santos Lopes (75 anos)

Morador mais velho

5, incluindo a cacique que teve poliomelite quando criança

Existem músicos?

Sim, Joaquim Medeiros (violão), Djair e Divanira cantoras

Possui escola na comunidade

Sim. Surara Flora Pereira de Souza. Pré ao 9º ano. 54 alunos

Economia da comunidade

Estaleiros de fabricação de barcos de madeira. Artesanato (brincos, aneis, pulseiras, uso de muita semente, macramê, uso de dentes de animais). Mandioca e café

Distância de municipio mais próximo

11 horas de Santarém

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