Roteiro Arapiuns
Prólogo
(quinta 1/9). Cheguei a Brasília e embarquei no avião para Santarém com Anna Claudia Agazzi, a pianista da expedição de origem italiana, vinda de Guarulhos com o piano Yamaha eletrônico alugado. Aterrissamos na Amazônia duas horas e meia depois. Em São Paulo os termômetros marcavam 9 graus. Em Santarém 34 graus. Pegamos o piano no terminal/cargo e seguimos para o barco GAIA, no Mapiri. Muito calor! Fiz a checagem de segurança com o comandante Dinho (inversor, coletes) e fomos com a cozinheira Lucineide comprar os mantimentos para o grupo de 10 pessoas ao longo de 17 dias. A bordo seremos: Anna Claudia Agazzi (pianista e docente da Unesp), Eduardo Navarro (docente de nheengatu da USP), Pimenta e Elís Barbosa (dois irmãos palhaços e arte-educadores), Pedrinho Pantoja (mateiro e assistente de produção), André Costantin (vídeomaker), Dinho Duarte (comandante), Lucineide Pinheiros (cozinheira), Ademir Lages (marinheiro) e eu, Oliviero Pluviano, dono do Gaia e criador do Projeto Fitzcarraldo. (sexta 2/9) Às 3h20 da madrugada chegou André Costantin, o vídeomaker de Caxias do Sul, sócio de Daniel Herrera na empresa Transe. Um pouco de pernilongos no Mapiri. Acordamos cedo e fomos ao Mercadão 2000, o mercado de peixes e frutas de Santarém.
Abastecemos o Gaia na ilha artificial do Posto Santo Antônio. Depois fomos com o Gaia, ao pôr do sol no Tapajós, em frente ao terminal de soja da Cargill. Gravei com o celular a Anna Claudia enquanto experimentava o piano, a bordo do Gaia (Notturno de Ottorino Respighi) quando passamos na frente do terminal. Muito comovente. Comemos e depois dormimos no Mapiri. (sábado 3/9) Às 3h40 da madrugada chegou Eduardo Navarro do aeroporto com Dinho e fomos atracar na praia Maria José para terminar o pernoite.
De Santarém a caminho do Arapiuns
A cidade de Santarém é porta de entrada para uma região que têm sofrido altíssima pressão de urbanização desordenada em virtude da expansão do agro negócio com a produção da soja e gado. Também é uma região onde têm havido nos últimos anos, um volume grande desmatamento ilegal, violência e conflito por terras. Durante as duas expedições recentes que fizemos, ficou evidente o aumento de carros do tipo pickup e pessoas com perfil de fazendeiros… a cidade mudou muito rapidamente e ao mesmo tempo, vê-se muita pobreza e falta de estrutura.
A cidade também é porta de entrada para turistas que vêm encantados pela beleza das águas do rio Tapajós e de seu afluente o Arapiuns. Algumas das comunidades que visitaremos estão na região da Resex Tapajós Arapiuns, uma reserva extrativista, ou seja, um local de preservação onde são permitidas atividades econômicas de baixo impacto e com protagonismo das comunidades ribeirinhas originárias. São diversos povos originários que buscam garantir sua permanência nos locais onde nasceram e trabalham pelo reconhecimento de sua cultura e direitos enquanto cidadãos. Iremos visitar também comunidades que estão no território indígena Cobra Grande, um espaço de contínua ameaça de um lado de mineradores ilegais e de outro, de grandes projetos de mineração. Vimos diversas balsas de madeira ao longo da expedição. De acordo com muitos relatos, balsas de madeira ilegal, que aguardam desligadas na noite no rio, o momento certo de chegada em Santarém, quando a fiscalização é inexistente ou “mais branda”.
Epílogo
Paramos depois do pôr do sol em Aramanaí para um merecido banho final, e depois fomos para Mapiri onde Glória, a esposa de Dinho, estava esperando-nos com um Fiat Argo. Foram devolver Eduardo Navarro no hotel de Santarém onde se hospedava e o amigo na casa dele (Dinho pegou a rede e o lençol que Navarro tinha levado consigo no barco de linha). (domingo 18/9) Fomos dormir, mas à 1h00 da manhã Dinho veio pegar André que voltava a Caxias do Sul. Ciao grande amico! Anna Claudia e eu fomos ao aeroporto no Fiat Strada de Dinho, levando atrás as malas e a caixa com o piano. Embarcamos sem nenhum transtorno. Ao voltar para minha casa, não me conformava mais em dormir na cama!