ARIMUM

Distância em barco de um município: 5 horas de Santarém
Assentamento: Lago Grande
Representante: Joelder Tapajós (filho do pajé)

Navegamos contra as ondas e um vento forte. O cabo de reboque da lancha quebrou por duas vezes. Ao final o comandante Dinho embarcou na lancha e Ademir conduziu o Gaia na baía funda de Arimum. Fomos a uma praia na frente da comunidade indígena para almoçar. Chegamos à aldeia e Dinho foi na boca da baía para receber gelo e gelito que nos faltava trazido por um barco de linha de Santárem. Navarro fez uma aula numa escola redonda, com o filho do cacique usando na cabeça um bonito cocar. Interrompemos a aula com a chegada do cacique Joelder que nos falou palavras sem sentido e defensivas… nano estava confortável com nossa presença e atividade, muito embora tivéssemos feito a pré produção e tudo jea estivesse combinado.  Então, em respeito a eles, terminamos de repente a aula de Navarro, eu me despedi do cacique e fomos embora sem realizar cinema, piano… Doamos um dicionário de Ermanno Stradelli, o explorador italiano do fim do século XIX, que escreveu o primeiro dicionário nheengatu – português da história do Brasil. Depois de uma vida pela Amazônia, morreu de lepra em Manaus. Ficamos decepcionados pelo mal entendido do cacique de Arimum. Ao que soubemos, são dois filhos que estavam organizando a vida da aldeia nas últimas semanas, pois o cacique teve que acompanhar a esposa para tratamento de saúde. Na Amazônia a comunicação é difícil, e algumas comunidades se sentem ameaçadas ainda pela chegada de pessoas de fora. Afinal, nos últimos anos há muita invasão de garimpeiros e desmatamento ilegal. Mas paciência. Depois fomos até Atodí onde paramos numa ilha de areia linda. A lua surgiu cheia. Tinha buracos no chão feitos por um pássaro pequeno para depositar os ovos. Fizemos uma piracaia com um filé de tambaqui muito gostoso. Depois vieram de lancha uns bêbados pedindo coisas. Dei uma garrafa de guaraná Baré. Mas o mais bêbado voltou pedindo dinheiro. Eu lhe disse que não tinha. Ele me respondeu: “Mas então o que vem fazer aqui no meu Brasil?”. Ficamos muitas horas na praia, sentados em duas cadeiras, falando com André na frente da lua cheia dos acontecimentos daquele dia estranho. Ouvia-se de longe um bacurau. Noite maravilhosa.

Moradores

68

Famílias

10

Portadores especiais

3 (apenas visual)

Idosos

3

Morador mais velho

Luza Martins Tapajós, 80 anos e Raimundo, ex-cacique, 75 anos

Existem músicos?

Possui escola na comunidade

Sim, uma escola indígena e uma não indígena (São Sebastião). 1º ao 9 ano. Possui uma biblioteca

Economia da comunidade

Não trabalham com artesanato. Roça, turismo

Distância de municipio mais próximo

5 horas de Santarém

A comunidade conhece a língua nheengatu: Sim. Falam no dia a dia e todos os indígenas o praticam
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